19 de junho - Exposição "Olhares sobre as Igrejas"
IGREJA E CONVENTO DE NOSSA SENHORA DO MONTE SERRAT
A Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat ou Igreja e Convento de Monte Serrat datam de, mais ou menos, entre a primeira construção pelos anos de 1580-81 e melhoria entre 1591 e 1602. Estão situados na parte mais Ocidental da Península de Itapagipe que, por isso, os acompanha um farol para navegantes. Quando de sua construção, essa porção de terra estava separada do Continente. Interessado nas terras de Itapagipe, Garcia d’Avila, em 1608,- que ali já tinha seus currais -, propôs que, em troca daquelas terras, - menos a Igreja e Mosteiro de Monte Serrat -, os beneditinos receberiam desse donatário as terras da fazenda São Francisco de Itapuã, que ia da praia até o Rio Joanes. Instalados nessa nova propriedade, foi criada a Igreja de Santo Amaro de Ipitanga, que deu nome ao bairro, Santo Amaro de Ipitanga e, hoje, cidade de Lauro de Freitas. Sendo de sua propriedade, na ocasião em que os beneditinos promoveram a reforma de sua Igreja, no início da Ladeira de São Bento, o altar-mor, dessa casa conventual, foi transferido para a Igreja de Monte Serrat, onde se encontra até hoje. O alpendre foi acrescentado posteriormente, pois eles não eram comuns em construções religiosas do período em igrejas que não tivessem fluxo de peregrinos.
NAVE DA ARQUIABADIA E MOSTEIRO DE SÃO BENTO
Os beneditinos se fizeram presentes em Salvador, a partir de 1582, se abrigando precariamente, como os demais religiosos, sob impedimento dos membros da Câmara de permanecerem na Bahia. Dois anos depois receberam autorização para construir o mosteiro. Levantaram a igreja nos moldes da Igreja Romana, com nave única e capelas laterais, com capela-mor datada de 1612 e altar barroco de 1730. No século XIX a nave, o coro, a fachada e outras dependências, em estilo neoclássico, foram modificados por completo, pouco restando do edifício antigo. O altar-mor foi substituído, em 1871, destituindo o altar e imagens exigidos pelo Concílio de Trento. O novo altar-mor é todo de mármore, formando uma estrutura neoclássica, onde se colocou São Sebastião, o oráculo da Ordem, e seus fundadores São Bento e sua irmã Santa Escolástica, além das alegorias às três virtudes teologais, a Fé, a Esperança e a Caridade. A nave transformou-se no modelo de salão único, com transepto largo, em forma de cruz. Além do altar na ponta esquerda do transepto, existem mais quatro altares laterais, desse lugar até a portada, acima da qual está o coro. Do lado esquerdo, a nave tem duas comunicações com o convento. Das suas antigas imagens permanece a que foi mais famosa no passado, Nossa Senhora das Dores, num altar lateral, nos fundos da Igreja. A Igreja sofreu ameaças de ser mutilada pela reforma de J. J. Seabra, em 1912. Foi defendida pelo então Abade Majolo de Cagny, que mobilizou uma série de beatas que se movimentaram para impedir a destruição pretendida pelo governador. Dom Clemente da Silva Nigra, primeiro diretor do Museu de Arte Sacra, por largo tempo, expôs nesse Museu peças do Mosteiro de São Bento. Mais recentemente os beneditinos criaram seu próprio Museu, com as peças herdadas do passado, entre elas o São Pedro Arrependido, de grande porte, moldado em cerâmica. O Mosteiro tem uma biblioteca bastante eclética e rica, bem como conserva documentos históricos importantes para a vida monástica, mas também da cidade do Salvador.
NAVE DA IGREJA DO MOSTEIRO DA GRAÇA
A Igreja do Mosteiro ou Abadia de Nossa Senhora da Graça teve origem na doação, em 1586, feita por Catharina Paraguassu aos Irmãos beneditinos e, originalmente, era uma capela que só começou a ser construída em 1646, em pedra e cal unida, depois, ao pequeno convento ou local de repouso. Foi ampliada em 1770, quando sua nave sofreu intervenção, seguindo o modelo tridentino, mesmo que tardiamente, e seguido o estilo barroco-rococó na fachada. A pintura do forro, que representa a doadora sonhando com Nossa Senhora, foi realizada no século XIX, no formato de medalhão, moda da época. É de autoria desconhecida. No século XX foram feitas diversas intervenções, como a ala dedicada a Santa Terezinha e a “modernização” da imagem da Padroeira. Estava localizada no alto de uma pequena elevação, como era recomendado pela Igreja de Roma, tendo a sua frente uma fonte, que o progresso destruiu e que também permitiu que fosse cercada por construções leigas em parte de seu entorno. A imagem original de Nossa Senhora da Graça, do altar-mor, também foi “modernizada”, isto é, tiraram-lhe todas as características barrocas, o que resultou na deformação completa da imagem original. O escultor que executou o trabalho, tardiamente, se confessou arrependido por ter desbastado a imagem.