Mesa-redonda e exposição lembram os 400 anos da invasão holandesa à Bahia
Na próxima terça-feira (7) de maio de 2024, às 17 horas, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia promove, em parceria com o Instituto Flávia Abubakir, a mesa-redonda e exposição “Os Holandeses no Brasil”. A iniciativa, que conta com o apoio do Mosteiro de São Bento e Assembleia Legislativa da Bahia, vai lembrar os 400 anos da Invasão Holandesa à Bahia, ocorrida em 1624. A agenda seguirá com várias ações até 1º de maio de 2025, quando da expulsão dos invasores no Estado também completará seu quarto centenário.
Estarão presentes no encontro, Dom Arquiabade Emanuel D'Able do Amaral e Dom Anselmo Rodrigues, os professores Pablo Magalhães e Sávio Lima e a professora Alícia Duhá, que coordenará os debates, ao lado da coordenadora geral, a museóloga Ângela Ferreira. Haverá transmissão ao vivo pelo youtube.com/@ighbahia.
Durante os debates, o professor da Universidade Federal do Oeste da Bahia, Pablo Magalhães, falará sobre a recente descoberta de um mapa de Salvador, de autoria do capitão engenheiro Joos Coecke, que trouxe significativo conjunto de informações inéditas da ocupação holandesa da capital colonial em 1624. Os elementos textuais e gráficos, contidos no documento, possibilitam maior entendimento da cartografia da guerra que assolou o Recôncavo baiano, no referido ano, bem como dos seus protagonistas.
Dom Arquiabade Emanuel D'Able do Amaral e Dom Anselmo Rodrigues irão destacar a documentação relativa à invasão holandesa no primitivo prédio do Mosteiro de São Bento, que corresponde a um dos mais belos exemplos de arquitetura religiosa monástica do Brasil. Fundado em 1582 pelos Monges Beneditinos Portugueses é o primeiro Mosteiro do novo mundo. Em 1624 foi tomado pela invasão dos Holandeses a Salvador e teve parte de seu acervo espoliado e delapidado. No ano seguinte, 1625, foi palco da retomada pelos Portugueses que auxiliados por nativos e escravizados expulsaram os Calvinistas.
Já o professor Sávio Lima vai apresentar as funções diplomáticas da carta aberta da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em suas duas versões, original holandesa e tradução portuguesa. São dois documentos manuscritos elaborados em 1625, que objetivaram a divulgação das relações políticas e comerciais propostas pela Companhia das Índias Ocidentais aos colonos no Brasil.
EXPOSIÇÃO
A exposição rememora a ocupação holandesa no Brasil, entre 1624 e 1654, abordando desde a ocupação, o contexto político do mundo no período e mais especificamente o Brasil, Portugal, Espanha e Holanda - e as razões das conexões entre esses territórios, que resultaram em eventos marcantes de nossa história.
Dividida em quatro eixos temáticos, a mostra inicia com a abordagem do açúcar, especiaria de imenso valor no período, seu surgimento, a domesticação, o seu cultivo no Brasil e os vínculos com a ocupação holandesa. Passa, ainda, pela luta entre portugueses e espanhóis, para seguir com a conquista da Bahia, em 1624, outra grande produtora de açúcar da época, e a rendição holandesa em 1625. Aborda também, a permanência mais duradoura dos holandeses no Brasil, entre os anos de 1630 e 1654, conectando a história da Bahia e de Pernambuco, com os territórios impactados pelas chamadas Guerras do Açúcar.
Ainda destaca parte do legado holandês, a exemplo do Plano da Cidade da Bahia, mapa de Salvador feito pelo capitão engenheiro Joos Coecke, dentre muitas outras obras que foram produzidas por militares e artistas que aqui estiveram, como Frans Post e Albert Eckhout. As imagens realizadas por ambos são consideradas os primeiros registros da paisagem e do cotidiano do Brasil colonial. Assim, a mostra proporciona um passeio através de obras que narram os fatos históricos da presença holandesa.
HISTÓRIA
Em 8 de maio de 1624 uma frota holandesa de 26 navios, conduzindo 3.400 militares, chegou à Baía de Todos os Santos. Sem encontrar a menor resistência, pois a cidade não dispunha de um eficiente sistema de defesa, no dia seguinte eles desembarcaram na Ponta do Padrão (atual Farol da Barra) e desceram à praia. Passando pelo atual Corredor da Vitória eles avançaram até o primitivo Mosteiro de São Bento, na época situado a poucos metros de uma das muralhas construídas no tempo de Tomé de Souza e destinadas a proteger a cidade. O templo foi invadido, saqueado e ocupado, tendo sido transformado em quartel general das forças holandesas.
Em seguida eles avançaram até a atual Praça Municipal. Lá, incendiaram o Senado da Câmara e invadiram o Palácio do Governo, prendendo o governador Diogo de Mendonça Furtado. Em 24 horas a capital do Brasil Colônia estava dominada. Assustada, a população fugiu para as matas situadas no entorno de Salvador e tentou resistir organizando ações de guerrilha.
Durante a ocupação de Salvador, os holandeses saquearam igrejas, a Alfândega, quartéis, prédios públicos e casas particulares. Como resposta à invasão e para socorrer a capital do Brasil, a Espanha, que na época governava Portugal, na chamada União Ibérica, enviou uma poderosa esquadra com 56 navios de guerra e 12 mil homens. Essa expedição, que ficou conhecida como a Jornada dos Vassalos, derrotou os invasores holandeses. Eles assinaram a rendição em 1º de maio de 1625 e se retiraram da Bahia.
A exposição ficará à disposição do público até o dia 21 de junho, e a visitação é de segunda a sexta, das 13h às 17h, com entrada gratuita.
SERVIÇO
Mesa-redonda e exposição “Os holandeses no Brasil”
7 de maio de 2024, às 17 horas
Sede do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
Av. Joana Angélica, 43 – Piedade
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