Ponto de vista - IGHB: Um novo desafio

À memória do grande Mestre e amigo Cid Teixeira!

Depois de resistir, por algum tempo, ao convite da atual direção do IGHB - Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, para encabeçar a chapa para sucedê-la, cedi, dominado pelo sentimento de desvanecedora honraria de dirigir a mais antiga e importante instituição cultural baiana, no biênio 2022-2023, detentora de tantas e tão caras tradições. Esse sentimento é repassado da tensa responsabilidade de integrar o rol de personalidades ilustres que têm desempenhado esse papel desde o remoto ano de 1894, as duas últimas nas pessoas da saudosa historiadora Consuelo Pondé de Sena, falecida em 2014, e do competente administrador Eduardo Morais de Castro, ao longo dos últimos sete anos e meio, ambos com marcante desempenho.

A confiança de que a missão será bem cumprida advém da qualidade dos companheiros de chapa, para cumprir as diferentes atribuições estatutárias: Aramis de Almada Ribeiro Costa; Luiz Ovídio Fisher; Newton Cleyde Alves Peixoto; Rozendo Ferreira Neto; Ricardo Maurício Nogueira e Silva; Maria Constança Carneiro Galvão; Jorge Luiz Ramos; José Nilton Carvalho Pereira; Sérgio Augusto Soares Mattos; Luiz Américo Lisboa Junior; Zita Magalhães Alves; Antônio Menezes do Nascimento Filho; Sergio Emílio Schlang Alves; Raul Affonso Nogueira Chaves Filho; Sudário de Aguiar Cunha; Wellington do Carmo Cruz; Luislinda Dias de Valois Santos; Creuza Santos Lage; Guarani Valença de Araripe; Rizodalvo da Silva Menezes.

Para uma equipe dessa qualidade, pareceu-nos razoável a plataforma de realizações, composta das seguintes proposições:

- Digitalização de todo o acervo documental do IGHB, conforme as recomendações das modernas técnicas de arquivo;

- Criação dos prêmios Edivaldo Machado Boaventura e João Eurico Matta, para trabalhos no campo da História e Geografia baianas;

- Realização do 8º Congresso de História da Bahia;

- Realização do Primeiro Simpósio Acadêmico de Geografia;

- Celebração do Bicentenário do Dois de Julho;

- Criação do Café Literário;

- Extensão aos 417 municípios baianos do programa Leitura sem Fronteiras;

- Criação do Museu da Libertação, no Solar Boa Vista, no Engenho Velho de Brotas, onde morou Castro Alves.

Depois de eleita a Chapa, no último dia 09 de dezembro, decidimos acrescentar mais dois itens ao programa: - Transformação em Museu da Sede do IGHB;

- Incorporação e defesa do Semiárido como parte da luta permanente do IGHB.

Anteontem, tão logo soubemos do falecimento do notável historiador Cid Teixeira, decidimos acrescer ao programa a criação do Prêmio Professor Cid Teixeira.

Dos 11 tópicos mencionados, o Café Literário será inaugurado em março próximo, espaço destinado a conversas cultas, manhãs, tardes e noites de autógrafos e venda de livros de editoras e autores baianos. Café, chá, cerveja, vinho, whisky e outras iguarias serão servidos às custas do cliente.

Um intenso programa de cursos e palestras será regularmente cumprido, no mesmo elevado padrão aí tradicionalmente praticado, como, também, desenvolvemos em nossa gestão na Academia de Letras da Bahia, com ênfase na continuidade do programa História de uma vida em que falarão grandes personalidades da Bahia, Brasil e Mundo afora, para nos revelar o que fizeram para se transformarem em protagonistas das profundas alterações benéficas do meio em que vivem.

A indispensável digitalização do acervo é medida imprescindível a ser processada com celeridade, para evitarmos a tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional do Rio de Janeiro, quando perdemos parcela substancial da memória histórica nacional.

É verdade que a valorização da cultura não passa pela cabeça de políticos que só atuam com os olhos postos nas próximas eleições, pouco importando o que diga respeito aos interesses das próximas gerações. É imperioso, porém, lutar para reverter essa visão terceiro mundista. Tarefa de todos os baianos comprometidos com os maiores valores de sua terra e do Planeta.

Por Joaci Góes, publicado no jornal Tribuna da Bahia de 23 de dezembro de 2021