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Revisitando a Independência do Brasil na Bahia

Com o título deste artigo, proferimos, ontem, no auditório do IGHB – Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, palestra que contou com a presença de personalidades representativas de um verdadeiro corte transversal da intelectualidade baiana, em seus diferentes domínios. O evento integrou o projeto “Ciclo de palestras: Ensinando e Aprendendo no Café”, coordenado pelos professores da UFBA Lúcia Góes e Caiuby Costa Alves.


A essência de nosso depoimento pode ser resumida na sugestão para nos inspirarmos, coletivamente, naquele grandioso momento de nossa história, que culminou no Dois de Julho de 1823, para emergirmos do patamar de gritantes e graves fragilidades em que nos encontramos, ao exibirmos os mais graves índices de qualidade de vida do Brasil e do Continente Americano, de tal modo decaiu a de nossa população, a quarta, numericamente do Brasil, abaixo, apenas, de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, como se infere de nossa renda per capita, padrão educacional, número de homicídios, taxa de desemprego, número de sub-habitações, de tuberculosos, chagásicos, leprosos e, sobretudo, número de pessoas sem acesso a saneamento básico, cuja falta mata mais do que a Covid 19, sem que haja o correspondente nível de indignação social de nossas elites, a quem cabe a maior parcela de responsabilidade pelo caráter bovino de nossa aceitação tácita desse deplorável estado de coisas.


Nada muda nas pessoas, nos grupos sociais ou em povos inteiros sem que haja uma edificante autocrítica, forja de transformações redentoras, de que são exemplos personalidades e populações que se ergueram dos estágios mais baixos para conquistar alturas inimagináveis.


Sem o patriotismo, inteligência e bravura de nossos avós que construíram o Dois de Julho de 1823, a Independência do Brasil, proclamada a 7 de setembro de 1822, por D. Pedro I, poderia ter sofrido fatal revés, devolvendo-nos ao subserviente estágio de colônia ou, no mínimo, o Brasil teria sido dividido em dois ou mais países, cujas independências provavelmente teriam sido conquistadas, mais tarde, à custa de muito derramamento de sangue.


Os 11 meses que nos separam do bicentenário da definitiva Independência do Brasil, consolidada no Recôncavo Baiano, deve ser por nós utilizados para fazermos ver ao Povo Brasileiro o grande papel que desempenhamos para garantir a integridade de nossa grandeza territorial, contribuindo para restaurar nossa autoestima tão abalada pelo declínio que vimos sofrendo por ignorância culposa, ação ou omissão criminosa de nossos governantes e elites, supostamente pensantes. Atos como a substituição dos nomes do Aeroporto Dois de Julho e do Estádio Otávio Mangabeira, por nomes de políticos ou marcas de produtos de consumo dão bem o testemunho dessa desídia que tantos males nos têm causado, nos diferentes planos que mensuram a grandeza dos povos.


Vem de muitos anos o acentuado declínio do conhecimento de pessoas de nível superior relativamente ao heroico papel desempenhado por nossos ancestrais para assegurar a Independência e a integridade territorial brasileiras.


Todas as metas da atual direção da Casa da Bahia, guardiã de nossa história, desde a digitalização de nossa hemeroteca até à edificação do Museu da Libertação, na casa onde viveu Castro Alves, no Engenho Velho de Brotas, guardam estreita sintonia com este grande desiderato do Povo Baiano.

Não há tempo a perder. A começar pelo dever das pessoas decentes de convencerem amigos e parentes a não votarem em conhecidos ladrões.



Artigo publicado na Tribuna da Bahia

https://www.trbn.com.br/colunista/joaci-goes




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